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Rally Dakar - Motos

E aí, vamos brincar de andar de moto em 2012?

Então tá. Começou 2012! E que venha mais um ano de desafios e conquistas e muitos quilômetros rodados. Então para nós que rodamos por asfalto, pedra, barro e areia (às vezes até pela água), nada mais inspirador que começar o ano vendo as feras do Rally Dakar, que começou hoje cedinho, às 8 horas, em Mar del Plata, na Argentina, segue pelo Chile e encerra em Lima, no Peru, no dia 15 de janeiro.

Bom galera, sem mais delongas deixo o link das notícias do Dakar que são atualizadas instantaneamente.  Quem sabe um dia a Yamaha se sensibilize com esse blogueiro e patrocine a cobertura desse mega evento, o mais importante do circuito mundial de rally.

Dakar 2012

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Volume água na Barragem do Blang cobriu a ponte rasa, único acesso dos moradores à cidade.

Há duas semanas, exatamente no dia 24 de setembro, eu meu amigo e colega de Jornal NH João Ávila, por iniciativa dele aliás, fomos a São Francisco de Paula para fazer uma pauta que preocupava moradores da cidade que residem entre as barragens do Blang e do Salto. O fato é que estava previsto para o dia 10 de outubro o fechamento das pontes rasas que ficam próximas aos reservatórios, o que deixaria, pelo menos, 140 famílias a quase 100 quilômetros do Centro da cidade, tendo que passar por uma estrada absolutamente intransitável(confira as fotos).

Bom, aí o leitor do blog pergunta o que isso tem a ver com o Blog Ténéré 250? Respondo, tudo. Não fosse a valentia das duas Ténéres que encararam a trip, essa matéria não teria sido publicada, e, talvez, o governo do Estado do Rio Grande do Sul não tivesse dado atenção ao assunto, publicando no Diário Oficial do dia 6 de outubro uma portaria adiando em 90 dias o fechamento das barragens.

A felicidade de unir o útil ao agradável

Já reiterei algumas vezes aqui no blog o gosto pela minha profissão e dessa vez não foi diferente. Nada melhor do que pegar a

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Seu Chico, um dos moradores que aguarda um bom desfecho para a interdição das pontes e espera não ficar ilhado.

motoca, subir a Serra Gaúcha e andar no barro, andar muito barro. As imagens dessa trip podem ser conferidas na galeria abaixo. As barragens são, por essência, belas. É um dos raros casos em que a intervenção humana se alia a natureza e compõe cenários incríveis. A barragem do Salto fica a aproximadamente 15 quilômetros do centro de São Chico, por uma via com muitas pedras, que exige mais atenção na pilotagem.

 

Galeria

Fotos Ricardo Machado e João Ávila

Imagens

Para quem achou legal as imagens e mora no RS ou está vindo para cá, o local ainda poderá ser visitado nos próximos 90 dias. Dentro deste prazo, a expectativa é que seja apresentada uma solução para esses moradores que não podem perder o direito de ir e vir.

Vale lembrar que aquilo que diverte os motociclistas, o barro e o desafio de andar numa via irregular, não tem graça nenhuma para quem precisa enfrentar estas estradas em situação precária. Espero que seja encontrada a melhor solução para esse moradores e que ainda possamos, por muito tempo, visitar essas barrangens de maneira segura.

Viagem

De Porto Alegre, capital gaúcha, até São Francisco de Paula a viagem leva umas 2 horas. Algo bem tranquilo de fazer, ainda mais porque as estradas estão, na maior parte do trecho, bem sinalizadas e com bom asfalto. Abaixo coloco um mapa desde Novo Hamburgo, que foi de onde saímos para a viagem. Bom galera, São Chico guarda inúmeras surpresas e essas são apenas umas poucas delas. Peguem a estrada, saiam do asfalto e divirtam-se como puderem, porque motoqueiro (e repórter) tem que meter o pé no barro.

Mapa

Betão Pedreira

Betão, o pedreiro (lá no meio, pequenininho). A entrevista foi feita a 150 metros de distância. Eu cá em cima do morro.

Quando sai de casa esperava encontrar chuva, não encontrei. Quando saí de casa não esperava encontrar o Betão, encontrei. Pois bem, saí disposto a andar de moto no barro com a chuva que ensaiava cair, entretanto meus instintos climatológicos se provaram absolutamente ineficazes, pois ao contrário do que previa, as nuvens abriram e o sol firmou. Logo no início da viagem, encontrei Betão, um legítimo “pedreiro”, afinal trabalhava sozinho na imensidão de uma pedreira no Morro do Paula, em São Leopoldo. Essa foi a entrevista mais longa que eu fiz, refiro-me à distância entre repórter e entrevistado, pois estávamos distantes uns 150 metros um do outro, eu na ponta de cima do morro, ele lá embaixo retirando a terra de um pedaço do terreno.

Betão sonegou seu sobrenome, disse-me apenas que tinha 45 anos. Quando perguntei se fazia tempo que trabalhava ali, respondeu: “Desde que eu me entendo por gente trabalho e vivo aqui. Isso foi o que eu sempre fiz”, fala com uma saúde pulmonar de quem trabalha duro todo dia e ainda não sente o peso do labor. Insisto se ele trabalha até nos finais de semana: ” Não, hoje tô aqui porque o dia tá bom, aí vim trabalhar”. Trocamos algumas outras frases, despeço-me e saio pensando no trabalho do Betão, perigoso, insólito e pesado. Para mim, claro; para ele não, pois sorri, está acostumado e pelo jeito que fala e sorri, gosta do que faz. Me preocupo com ele, afinal vestia uma calça de abrigo, chinelos e boné, qualquer acidente de trabalho seria fatal. Enfim, segui meu caminho, Betão o dele.

Saio e às minhas costas a pedreira, impressionante mesmo quando vista pelo retrovisor, é uma espécie de fatia da modernização, uma cicatriz do progresso no meio da natureza. (Confira as fotos na galeria abaixo)

Trip off road

Casa antiga perdida em algum lugar entre o interior de Novo Hamburgo e Gravataí.

Segui viagem e agora falo da trip. Dessa vez ficarei devendo o mapa, simplesmente, porque não sei por onde andei. O fato é que fui a Lomba Grande, e logo de cara peguei uma estrada que seguia até uma propriedade particular. Fim da linha dois quilômetros depois. Voltei.  Em seguida peguei outra estradinha, com muita terra, brita e animais pastando na beirada. Susto mesmo eu tive, quando um par de cachorros resolve correr um boi para a estrada, e o gigante resolve sair em disparada na minha direção. Pavor. Pensei “Me f…”, entretanto, o bovino deve ter pensado o mesmo quando me viu e se embretou no meio do mato, sorte minha.

Passei por lugares lindos. Paisagens incríveis. Casas velhas, fontes no meio da estrada, morros. Enfim, rejuvenescedor sair de casa. E a chuva? Bom, faz quase duas horas que cheguei em casa e nada de chuva.  Andar no barro ficará para outro dia.

Tombo

Andar de moto na terra exige muita, mas muita perícia. Só para ter dimensão do tamanho do “pepino” que é andar de moto na terra, deixo a seguinte explicação: frear é tão eficiente quanto acelerar, ou seja, se for para você cair, você cairá  e ponto. Por três momentos demonstrei (modéstia parte) extrema habilidade. A primeira quando entrei numa curva a uns 80 km/h e consegui frear antes de encontrar a cerca (primeiro quadro, com a marca da freada); a segunda quando fui desviar de uma carreta de bois (segunda imagem, a “algoz” carreta) e na pista contrária vinha um carro; e a terceira (penúltimo quadro), quando fui atravessar uma corredeira que cortava a estrada e a roda entrou em uma valeta formada pela água.

Os três quase tombos e o quarto, fatídico, mas não fatal, tombo.

Passado esses sustos, não resisti a uma reta e abusei da velocidade, quando percebi tinha um entrocamento na minha frente, bem que eu reduzi bastante a velocidade, mas quando foi para parar só caindo mesmo (último quadro).  Bom, moto de pé, frequência cardíaca estabilizada e bora pegar a estrada de novo.  Só achei chato o carro que vinha atrás de mim sequer perguntar se eu precisava de ajuda, só faltou ainda reclamarem que a moto estava no meio do caminho. Mas deu tudo certo.

Então, vou nessa galera! Espero que a leitura tenha servido para incentivar vocês a cada dia andar mais de moto. Os tombos fazem parte, por isso a importância de andar com equipamentos de segurança. Abraços!

Fotos

Crédito: Ricardo Machado